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sábado, 20 de março de 2010

Entrevista com Rui Calado

Rui Calado, um dos maiores kayakers Portugueses juntou-se a esta aventura. Com um currículo invejável era importante saber a opinião dele.

JM- O que te leva aderir a este Projecto?

RC- Já tinha esta ideia há muito anos, acho que já deve ter passado pela cabeça de todos os que fazem kayak de mar... é o mínimo que se pode fazer, conhecer toda a nossa costa Portuguesa.

No entanto, por uma razão ou por outra sempre fui adiando. Estive para o fazer a solo há dois anos e meio, mas depois outros projectos que estavam a decorrer foram ocupando lugar e não sobrou tempo para esse. Na altura chamava-se “Portugal de Ponta a Ponta” e incluía a descida do rio Minho, toda a costa Portuguesa e depois no final a subida do Guadiana até onde desse...

Quando o Nuno me contactou para o apoiar achei que o devia apoiar fora e dentro de água eh eh eh... foi um bom pretexto para tentar concretizar a travessia agora.

JM- Já participaste em projectos semelhantes?

RC- Já fiz uma boa parte da nossa costa, mas às prestações, ou seja, em percursos de 1 dia, autonomias de 2 dias, de 3 ou 4. Mas nunca tudo de seguida...

Já fiz autonomias relativamente longas não em mar mas em rio de águas bravas, a maior que fiz foi de 12 dias, sem apoio de nenhuma espécie, levávamos tudo o que era preciso para um grupo de 10 ou 12 pessoas. E num local muito mais remoto e isolado do que a costa Portuguesa...
Se acontecesse algo a aldeia mais próxima seria 1 dia a pé e desta mais 2 ou 3 dias até à estrada mais perto... ao pé disso esta autonomia parece-me mais simples...

JM- Na tua opinião quais são as maiores dificuldades que pensas que vão enfrentar?

RC- A maior dificuldade será certamente mantermos o autocontrolo e espírito positivo frente a todas as adversidades.
No caminho para sul teremos que enfrentar os elementos: calor, marés contrárias, ventos fortes, zonas de falésia sem local para acostar, ondulação forte, etc. Nalguns dias não será mesmo possível entrar no mar, noutros o difícil será sair…
Teremos de escolher bem os locais para pernoitar pois mesmo em Julho pode haver ondulação forte nalgumas praias. Teremos também de manter sempre uma boa reserva de água porque vai estar bastante calor e temos de ingerir muitos liquidos e precisamos dela também para cozinhar ao fim do dia.

JM- Existe em ti algum medo em particular ou pensas que irão surgir momentos de medo?

RC- Medo não me parece, mas respeito pelo mar claro. De um momento para o outro pode virar e as condições ficarem um pouco mais agitadas. Mas se formos bem preparados para isso saberemos o que fazer... Já passei pela experiência de ter de sair do mar numa praia bastante batida, com quebra coco, com ondulação bastante grande e com o kayak pesado... temos de estar bem concentrados e escolher o timing certo para não fazermos o milagre da multiplicação dos kayaks e ficar com 2 em vez de 1

JM- Qual será a maior recompensa que pensas tirar deste projecto?

RC- Muitas e diferentes: concretizar um projecto antigo, ficar a conhecer toda a costa, todas as praias, baias e cabos, andar um mês ao sabor do vento, das marés, das estrelas e das ondas. E ficar também 1 mês longe dos computadores e telemóveis... ufffff.

JM- Pensas ser possível a sua concretização em 30 dias?

RC- Se Neptuno estiver do nosso lado e não tivermos nenhum problema técnico ou lesão, sim, acho que entre 20 dias e 1 mês chegam para o concretizar.

JM- A travessia vai ser feita em autonomia. A logística para isso é mais complicada?

RC- Sim e não. A logística é mais complicada do ponto de vista do que temos de carregar nos kayaks, apesar de estarmos “em casa”. Temos que levar fogão, tachos, panelas e talheres, tenda e saco cama, etc etc. Mas em qualquer lado podemos parar e ir a um supermercado reabastecer, não vamos estar num local remoto.
Mas em compensação, temos mais liberdade para escolher os locais onde parar para a noite, pois não temos nenhum compromisso. Se tivermos apoio por terra teríamos de parar em locais onde chegasse pelo menos um carro para nos recolher.
Assim podemos escolher locais menos frequentados e mais isolados para poder cozinhar, pescar e dormir sem curiosos à volta... alem de que não ia “saber” a uma verdadeira autonomia... chegar à noite e dormir com um tecto não nos deixa tão sintonizados com a natureza, que é uma das coisas que precisamos de estar para perceber como vai estar o vento, a ondulação, etc. E é também isso que faz desta ideia uma experiência especial e não uma soma de milhas em kayak...

JM- Muitas pessoas se irão juntar a vocês em algumas etapas. Queres deixar algum conselho?

RC- Apenas deixar o convite que todos serão bem vindos a pagaiar umas milhas connosco e partilhar pelo menos uma “fatia” desta aventura.


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